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CAMPANHAS MILITARES CONTRA OS HOLANDESES

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sexta, 02 de Junho de 2023, 23h20 | Acessos: 1713
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1. Jornada dos Vassalos

A presente denominação foi dada à expedição de uma poderosa Armada Luso-Espanhola, enviada em 1625 pela Corte de Espanha, para reconquistar Salvador da Bahia, então capital do Estado do Brasil, no contexto da primeira das invasões holandesas do Brasil.

Em 1624 a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC), criada em 1621, havia atacado Salvador, esperando com isso assenhorear-se da Região Nordeste e seu açúcar. Na ocasião, o Governador-Geral, Diogo de Mendonça Furtado, foi capturado e o governo passou às mãos de Johan van Dorth. A resistência reorganizou-se a partir do Arraial do Rio Vermelho, contendo os invasores no perímetro urbano de Salvador.

Alarmada com a ameaça da perda da lucrativa produção de açúcar e para pacificar os portugueses, cujo império se vinha reduzindo sob a Dinastia Filipina, a Coroa Espanhola enviou uma poderosa armada combinada, sob o comando de D. Fradique de Toledo Osório, e para a parte portuguesa, do General das Armadas da Costa de Portugal D. Manuel de Meneses. Constituiu-se no maior conjunto de Forças até então empregado no hemisfério sul, integrado por cinquenta e dois navios transportando quase quatorze mil homens, aos quais se uniram sete caravelas da Capitania de Pernambuco sob o comando de Francisco de Moura Rolim..

Em Pernambuco e em Portugal haviam sido preparadas expedições de socorro, que precederam a Esquadra Luso-Espanhola. Matias de Albuquerque, Governador da Capitania de Pernambuco, foi nomeado Governador-Geral, enviando de Olinda expressivos reforços para a guerrilha sediada no Arraial do rio Vermelho e no Recôncavo. Já Salvador Correia de Sá e Benevides, no Rio de Janeiro recebera do Governador, seu pai, a incumbência de recrutar homens na capitania de São Vicente antes de rumar à Bahia, para onde  seguira, num comboio de 30 navios, comandando a nau Nossa Senhora da Penha de França, com combatentes e mantimentos.

Essa grande expedição bloqueou o porto de Salvador e criou condições para  conquista da praça, a 1 de Maio de 1625. Na vitória teve também um papel destacado a destreza dos índios arqueiros trazidos por Salvador de Sá dos aldeamentos de jesuítas das Capitanias do Rio de Janeiro e São Vicente.

 

2. A 1ª Batalha dos Guararapes (19 Abr 1648)

O enorme gasto da WIC com a fracassada invasão a Bahia foi recuperado quatro anos mais tarde, num audacioso ato de corso quando, no mar do Caribe, o Almirante Piet Heyn, a serviço da WIC, interceptou e saqueou a frota espanhola que transportava o carregamento anual de prata extraída nas colônias americanas, permitindo uma nova invasão, desta vez à Capitania de Pernambuco, que se estendeu de 1630 a 1654.

O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Uma nova e poderosa esquadra com sessenta e sete navios e cerca de sete mil homens, sob o comando do almirante Hendrick Lonck, investiu dessa vez, sobre Pernambuco onde, em fevereiro de 1630, conquistou Olinda e depois Recife.

A resistência, liderada por Matias de Albuquerque, concentrou-se no Arraial do Bom Jesus, nos arredores do Recife. Através de táticas indígenas de combate (campanha de guerrilhas), confinou o invasor, durante anos, às fortificações no perímetro urbano de Olinda e seu porto, Recife, dando origem a Insurreição Pernambucana, também referida como Guerra da Luz Divina.

Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. O movimento integrou forças lideradas por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Filipe Camarão.

Para aliviar a situação, aporta no Recife, em 18 de março de 1648, a esquadra de socorro holandesa, composta de 9 vasos de guerra, 4 iates e 28 navios carregados de suprimentos, bem como 6.000 soldados. Com este poderio, os holandeses decidem romper o cerco terrestre do Recife e conquistar o interior pernambucano, em mãos dos patriotas do Brasil. Ao executarem esta decisão, teria lugar a 1ª Batalha dos Guararapes.

Os holandeses decidiram marchar em direção ao sul para apossar-se do Cabo de Santo Agostinho e adjacências, a fim de conquistar bases de abastecimentos próximas, além de cortar os suprimentos e apoio aos patriotas vindos por terra e água da Bahia.

O pequeno exército com que o General Barreto de Meneses saíra no dia 18 para esperar os holandeses constava de 2.200 homens, comandados por Vidal de Negreiros, Fernandes Vieira, Filipe Camarão, Henrique Dias e Antônio Dias Cardoso. O exército do inimigo, dirigido pelo General Siegemundt von Schkoppe, compunha-se de 4.500homens, segundo Netscher. Os nossos tomaram a ofensiva, investindo os regimentos inimigos, e lograram rompê-los.

A batalha durou cinco horas e foi das mais sangrentas de que se há notícia, a considerar como pequenas foram as forças que nela se empenharam. A participação oficial holandesa declarou a perda de 515 mortos e de 523 feridos, quase todos deixados no campo.

O general Schkoppe recebeu ferimento grave, e 74 dos seus oficiais, incluindo comandantes, com exceção de um, ficaram fora de combate. Do nosso lado, contaram-se 80 mortos e 400 feridos. O inimigo perdeu 33 bandeiras e estandartes, e abandonou duas peças na retirada. Ficou morto no campo o Coronel Haus, prisioneiro o Coronel Keerweer, e feridos os Coronéis Hautijn e Van Der Elst.

 

3. A 2ª Batalha dos Guararapes (19 Fev 1649) 

A 2ª Batalha ocorreu no mesmo local, no Morro dos Guararapes.

O Exército Holandês saiu do Recife em 18 de fevereiro de 1649, com cinco mil homens de guerra, todos soldados experientes, com que fazia mais forte o poder que o da batalha passada.

No tempo que chegou o “Exército Patriota” das 3 raças ao primeiro monte, já estava o inimigo formado em todos os outros e na baixa (boqueirão) onde havia ocorrido o principal da batalha anterior. 

Mandou Francisco Barreto de Meneses fazer alto e tomou conselho por onde haveriam de buscar a luta, se pela frente, se pela retaguarda ou se pelos lados. Ficou decidido que se buscasse o inimigo pela retaguarda (como na 1ª batalha) uma vez que onde estavam não tinha água e deveriam acampar com algum conforto ao fim da tarde, deixando o holandês à espera,  concordando todos em iniciar a ação tão logo abandonasse o inimigo suas posições, para qualquer rumo que fosse.

No dia 19, das 13h00 para as 14h00 (castigado pelo sol), tanto que foram os holandeses desocupando o alto dos montes para formarem um grande esquadrão na direção do Recife, nosso exército iniciou a aproximação.

João Fernandes Vieira com 800 de seus homens foi o primeiro a entrar na luta, bem no meio da área que chamavam boqueirão, onde o inimigo tinha 6 esquadrões e duas peças de artilharia. Após 25 min de cargas de fogo, João Fernandes tentou cortar a formação holandesa pelo alagado. Sem sucesso, de volta à posição inicial, pediu a todos que investissem à espada após uma última carga na cara do inimigo, e assim foi ganho o boqueirão à espada (apesar da brava resistência dos lanceiros holandeses), onde conquistamos 2 canhões de campanha.

Nesta altura já estavam em luta todos os nossos vindo pelo alto e fraldas do último monte: Henrique Dias, Diogo Camarão, Francisco Figueroa, André Vidal, Dias Cardoso e a cavalaria de Antônio Silva. Tomado o monte central e suas 4 peças de artilharia, bem como as tendas do comandante holandês Van Den Brinck (que foi morto na ocasião), os luso-brasileiros pressionaram os inimigos até sua desintegração e fuga para Recife, sendo perseguidos por nossos cavaleiros exaustos; muitos fugiram para os matos, outros se entregaram implorando pelas vidas.

Destaca-se como episódio decisivo na Guerra da Restauração e particularmente na Insurreição Pernambucana, que culminou no término das Invasões holandesas do Brasil, no século XVII. A assinatura da capitulação deu-se em 1654, no Recife, de onde partiram os últimos navios holandeses em direção à Europa.

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