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A DEZEMBRADA

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sábado, 03 de Junho de 2023, 10h25 | Acessos: 3091
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 A Dezembrada (05 a 30 DEZ 1868)

Após a queda da Fortaleza de Humaitá, Solano Lopez viu-se obrigado a fugir com suas tropas, indo se estabelecer em San Fernando. As Forças Aliadas partiram no seu encalço, sob o comando do Duque de Caxias. Marcharam até Palmas, região que fazia fronteira com as novas instalações utilizadas pelos inimigos, aonde chegaram no dia 30 de setembro.

As fortificações situadas ao longo do arroio Piquissiri barravam o acesso até Assunção. Solano Lopez, já em situação crítica, havia concentrado 18 mil soldados paraguaios na região que exploravam com êxito o relevo e se apoiavam nos fortes de Angostura e Itá-Ibaté (Lomas Valentinas).       

Na noite de 5 de dezembro de 1868 teve início a “dezembrada”,  uma série de batalhas vencidas pelos aliados naquele  mês de dezembro: Itororó (6 de dezembro); Avaí (11 de dezembro); de Lomas Valentinas (21 e 27 de dezembro) e terminou com a Rendição de Angustura (30 de dezembro).

Caxias achou por bem evitar o confronto direto no local e elaborou uma ousada operação, a manobra do Piquissiri. Fez então construir uma estrada de 11 Km de extensão pelo pantanoso Chaco, seguindo a margem direita do Rio Paraguai, ao longo de 23 dias. Enquanto isso, Divisões Brasileiras e Argentinas ocupavam-se da linha de frente em Piquissiri.

Na execução da manobra, Três Corpos do Exército Brasileiro, totalizando 23 mil soldados, foram transportados para a margem direita do rio e percorreram a estrada construída até o nordeste. Em Villeta, reembarcaram e desceram somente no porto de Santo Antônio e Ipané, desta vez já na margem esquerda do rio. A apenas 20 Km da retaguarda das forças paraguaias em Piquissiri. Naturalmente, Solano Lopez foi completamente surpreendido. O líder do Paraguai não acreditava que contingente tão numeroso fosse capaz de atravessar o Chaco.

 

1. Batalha da Ponte de Itororó

Na véspera, tinham desembarcado na barranca de Santo Antônio (margem esquerda do Paraguai) 20.657 homens do Exército Brasileiro (infantaria, 18.999; cavalaria, 926; artilharia e pontoneiros, 742). Caxias ordenou a ocupação da ponte de Itororó; no entanto, só na manhã de 6 foi essa ordem executada, quando já o inimigo defendia a posição. O General Osório marchou de Santo Amaro na direção de Nimbí e Ipané, fazendo um grande circuito, para alcançar a retaguarda do inimigo. Levou cinco mil homens das três Armas, ficando, por conseguinte, 13.600 com o Generalíssimo; contudo, destes, apenas 11 mil se empenharam na batalha, iniciada pelo General Argolo, sem aguardar a chegada de Osório.

 A ponte era defendida pelo General Bernardino Caballero, com cinco mil homens e 12 canhões. No entanto, o ataque teve sérios problemas, obrigando o próprio General em Chefe a se empenhar pessoalmente na ação, aos 65 anos de idade, partiu a galope em direção ao inimigo, com espada em punho, gritando: "sigam-me os que forem brasileiros!", atravessando a ponte e levando ao fogo quase todas as suas reservas. Assim, avançou também o General Jacinto, com a Divisão de Infantaria do General Néri (4.500 homens).

 A ponte, tomada e retomada várias vezes, ficou afinal em poder das nossas tropas, retirando-se Caballero com a perda de 1.600 mortos e prisioneiros, de uma bandeira (tomada pelo sargento ferreira Campelo, do 1º de infantaria) e de seis canhões (um tomado pelo major Morais Rego, à frente de algumas praças do 1º de Infantaria; três tomados pelo mesmo Batalhão; uma pelo 28º de Voluntários; e outro pelo 51º de Voluntários). a nossa perda foi de 285 mortos (45 oficiais), 1.356 feridos (79 oficiais), 128 contusos (dois oficiais) e 95 praças extraviadas; total de 1.864 homens (149 oficiais).

 

2. Batalha do Avaí

Solano López continuava no sistema de dividir e sacrificar ineptamente as suas forças. Quando Caxias desembarcou em Santo Antônio, as tropas paraguaias, reunidas na linha do Piquiciri e em Angustura, apresentavam um total de 20.800 homens, sendo, portanto, superiores em número ao exército que as ia atacar. Compreende-se que Lopez quisesse disputar a passagem do Itororó, mas deveria ter empregado maiores forças.

O que não tem explicação é essa batalha campal (Avaí), dada com forças tão inferiores. Caballero recebeu ordem de opor-se, com cinco mil homens e 18 peças, ao Exército brasileiro, que contava 18.963 homens e 26 peças (infantaria, 13.939; cavalaria, 4.100; artilharia, 428; engenheiros e pontoneiros, 466), e é forçoso reconhecer que nunca soldados cumpriram mais heroicamente o seu dever do que os paraguaios, nesse dia, em que pelejaram sem o abrigo de trincheiras, defendendo sucessivamente duas posições, retirando-se em quadrado e resistindo, até que foram inteiramente exterminados.

Apenas o General Caballero, o General Valois Rivarola (ferido) e uns cem oficiais e soldados puderam voltar ao acampamento de López. Os mortos foram 3.600, e os prisioneiros, 1.400, entrando nesse número 600 feridos. Entre os prisioneiros, estavam dois Coronéis (Serrano e Gonzalez), um Tenente-Coronel, dois Majores e muitos Capitães e subalternos. Toda a artilharia inimiga e 11 bandeiras ficaram em nosso poder.

 

3. Batalha de Lomas Valentinas e tomada do Piquissiri

O Exército de Solano López, tendo perdido, desde 6 de dezembro, perto de sete mil homens nas batalhas de Itororó e do Avaí, estava reduzido, a 13 mil combatentes. Estabeleceu, então, um novo quartel-general em Lomas Valentinas, fortificando essa posição entre os meses de setembro e dezembro. Entre as estruturas defensivas destacavam-se a linha de trincheiras aberta próximo ao arroio Piquissiri, com cerca de nove quilómetros de extensão, o baluarte de Itá-Ibaté, sobre uma colina, em posição dominante, e a Bateria de Angostura. López concentrou ali a maior parte de suas forças, um efetivo de cerca de 7.000 homens, deixando em Angostura 700 homens e na trincheira de Piquissiri 1.500, na sua maioria muitos jovens ou inválidos.

Caxias, deixando em Vileta uma pequena guarnição, marchou para a lombada de Cumbariti, onde, às 9h, a nossa artilharia começou a bombardear as posições de Lomas Valentinas. Ao mesmo tempo, as forças do Exército Aliado, que haviam ficado em Palmas, ao sul do Piquissiri, procediam a um reconhecimento, ameaçando por esse lado o inimigo.

O Exército de Caxias compunha-se, nesse dia, de 19.415 homens, todos brasileiros, e de 26 canhões (pontoneiros, 306; artilharia, 408; infantaria, 14.690; cavalaria, 4.011). Às 15h, foi dado o sinal de avançar. Os brasileiros atacaram o Piquissiri pela retaguarda e, após seis dias de combates contínuos, conquistaram a posição de Lomas Valentinas, o que obrigou a guarnição de Angostura a render-se em 30 de dezembro. López, acompanhado apenas de alguns contingentes, fugiu para o norte, na direção da cordilheira. Em 1º de janeiro de 1869 os aliados ocuparam Assunção.         

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