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OPERAÇÕES CONTRA EXTREMISMOS IDEOLÓGICOS

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sábado, 03 de Junho de 2023, 10h45 | Acessos: 2635
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1. Operação do Vale da Ribeira ( divisa de São Paulo/Paraná ) (1970)

Durante dois meses no começo de 1970, o Vale do Ribeira, interior paulista, foi cenário de perseguições, emboscadas, fugas, tiroteios, prisões e uma execução – até hoje presentes na memória de muitos brasileiros.

Comandados pelo Capitão Carlos Lamarca, desertor das fileiras do Exército, homens iludidos pelo ideário comunista arriscaram suas vidas, acreditando que a revolução começaria pelo campo. Era preciso, então, organizar a guerrilha rural. O plano se resumia em treinar guerrilheiros. Foi com esse objetivo que a organização Vanguarda Revolucionária Popular (VPR) deslocou-se para o Vale do Ribeira.

Em fevereiro de 1970, o militante Mario Japa, codinome de Chizuo Osawa,  acabou preso com armas e documentos da VPR. Logo em seguida foram capturados outros dois integrantes da VPR. Eles sabiam da existência da base no Vale da Ribeira e informaram todos os detalhes.

Em abril, tropas do II e III Exército e da PMSP e PMPR chegaram de caminhões, aviões e helicópteros e fecharam a divisa do Estado do Paraná com São Paulo, iniciando amplo patrulhamento na região.

Os guerrilheiros decidiram não romper o cerco, pois possuíam bons mapas e conheciam bem a região. Enveredaram-se pelo mato. Na fuga enfrentaram um tiroteio em plena praça de Eldorado Paulista. Mesmo com um dos militantes feridos, conseguiram fugir em um caminhão alugado em direção a Sete Barras. Ao chegarem às proximidades do rio Ribeira de Iguape, foram surpreendidos por um pelotão da PMSP com 38 soldados. Da carroceria do caminhão, os guerrilheiros iniciaram um tiroteio contra os integrantes da  Polícia Militar,  conseguindo capturar 18 soldados, dez deles feridos.

Lamarca falou com o comandante, e propôs um acordo ao Tenente da PMSP Alberto Mendes Junior: aos guerrilheiros caberia cuidar dos feridos e não executar ninguém. Em contrapartida, o Tenente deveria levantar o bloqueio em Sete Barras.

Mendes, perante a sua tropa, comprometeu-se a cumprir os termos da rendição.

Os feridos foram levados para um hospital em Sete Barras e o Tenente acompanhou os seguidores de Lamarca. Na entrada da cidade, porém, viram-se cercados por todos os lados, dando-se então um intenso tiroteio Depois da emboscada, restaram apenas cinco guerrilheiros, que se revezaram em vigiar o Tenente Mendes, levado como refém.

O oficial foi julgado culpado por um tribunal revolucionário, sob a acusação de traição por ter rompido o acordo e tê-los encaminhado para uma emboscada. A decisão final foi tomada por Lamarca.  O Tenente Alberto Mendes Junior foi então executado e enterrado.

O conhecimento de Lamarca sobre a tática empregada pela força militar foi fundamental para  conseguirem se evadir da área. No final de maio, tomaram um caminhão do Exército, prendendo os soldados e o sargento na carroceria. Vestidos com as roupas dos militares e de posse da senha por eles informada,  passaram pela barreira da polícia, fugindo para a capital paulista.

 

2. Guerrilha do Araguaia ( região entre Marabá/PA e Xambioá/TO - Operação Papagaio) (1972)

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro ocorrido na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 1960 e a primeira metade dos anos 1970. Criada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tinha por objetivo fomentar uma revolução socialista, a ser iniciada no campo, baseada nas experiências vitoriosas da revolução cubana e da revolução chinesa.  

Foi duramente combatida pelas Forças Armadas a partir de 1972, quando vários de seus integrantes já haviam se estabelecido na região, há pelo menos seis anos. O palco das operações de combate entre a guerrilha e as forças  militares se deu onde os estados de Goiás, Pará e Maranhão faziam  divisa. Seu nome vem do fato de se localizar às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo do Araguaia e Marabá,  no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás (região onde atualmente é o norte do estado de Tocantins, também denominada como Bico do Papagaio).

Em  abril de 1972, o Exército começou a entrar na região, com um Batalhão de 400 homens acantonado em cada cidade. Bases foram sendo instaladas no interior e postos de controle montados nas rodovias Transamazônica e  Belém-Brasília. E uma base aérea aberta em Xambioá.

O PCdoB contava com 71 homens e mulheres, espalhados por um território de cerca 6.500 quilômetros quadrados, que cobria os principais municípios e vilarejos do sudeste do Pará. Divididos em três destacamentos (A, B e C). O A atuava ao longo da Transamazônica, o B cobria o nordeste da serra das Andorinhas, no chamado vale do rio Gameleira e o C a sudoeste da serra das Andorinhas. Operavam em deslocamento constante pela mata e não permaneciam presos às suas bases locais.

Com o ataque e o cerco da área, as forças militares, pela vigilância e presença em todo o perímetro, evitaram  a entrada no Araguaia do comandante-em-chefe João Amazonas ("Cid") e Elza Monnerat ("Dona Maria"), organizadora geral da estrutura da guerrilha, que chegavam de São Paulo com novas instruções e novos militantes, sendo  obrigados a retornarem, sem conseguir entrar na mata.

Entre junho e agosto a ofensiva militar diminuiu. Em quatro meses tinha conseguido neutralizar uma dúzia de militantes, localizar e isolar a área do Destacamento C, obter algumas informações sobre o B, e poucas informações do A.

As forças militares retomaram a ofensiva em setembro com um efetivo um pouco maior e  uma estratégia diferente, visando a conquista da população local, distribuindo  medicamentos e prestando assistência médica e odontológica  em Marabá.

Em outubro de 1972, as tropas retiraram-se. Para a guerrilha, mesmo que ainda operativa, as baixas foram significativas. Entre abril e outubro ela perdeu dezenove combatentes.

 

3. Operação Marajoara (1973 – 1974)

No primeiro semestre de 1973, a guerrilha reorganizou-se. Depósitos de mantimentos e munições foram espalhados em refúgios pela floresta. Recrutaram mais dois combatentes entre os moradores da região e formaram treze grupos clandestinos de apoio, num total de 39 pessoas. Mataram três colaboradores dos militares, um deles um jagunço da região e atacaram um posto da PM na estrada Transamazônica. Cercaram a base, atearam fogo no telhado de palha, renderam os cinco soldados da guarnição e fugiram levando as fardas, seis fuzis e um revólver.

Em abril de 1973 começou a segunda investida das forças militares, denominada Operação Sucuri. Diferente da anterior, esta foi uma operação de Inteligência. Entre abril e outubro a guerrilha foi mapeada, nomes catalogados, caboclos e mateiros ligados aos guerrilheiros identificados.

Em agosto, a direção da guerrilha "justiçou" (fuzilou), após julgamento na selva, um dos militantes por fraqueza ideológica e adultério. Eram até então um total de 56 homens e mulheres, dos quais seis camponeses. Faltavam  roupas,  calçados e munição e não houve mais reforços porque o PC do B já havia sido desbaratado em seis Estados. As armas continuavam insuficientes, mas o moral estava alto.

Em 7 de outubro de 1973, a tropa voltou ao Araguaia. Um efetivo menor, cerca de 400 homens, disfarçados e sem uniforme, mas com grande quantidade de armamento. Entre outubro de 1973 e outubro de 1974 a guerrilha foi sistematicamente combatida. Pequenos grupos  adentravam a selva com mais poder de fogo, cada um deles, que todos os guerrilheiros juntos. A partir daí a guerrilha perdeu a condição de força militar organizada.

Com a estimativa do número total de guerrilheiros restantes não fosse maior do que vinte, as tropas começaram a ser retiradas nos primeiros meses de 1975. De todos os integrantes da guerrilha que atuaram  no Araguaia, no início da Operação Marajoara, apenas dois escaparam. Do lado dos militares, o número de mortos foi de 20.

             

 

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