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CAMPANHAS MILITARES CONTRA OS FRANCESES

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sexta, 02 de Junho de 2023, 23h18 | Acessos: 2791
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1. Batalha de Uruçu-Mirim - Rio de Janeiro (20 Jan 1567)

Desgostoso com a França, o Vice-Almirante Nicolas Durand de Villegaignon — famoso na Europa e considerado homem de ação e comandante notável da Marinha de Guerra — idealizou procurar no Novo Mundo, o Brasil e fundar a França Antártica. A expedição partiu do porto do Havre, chegando à Baía de Guanabara em 10 de novembro de 1555.

A repercussão na Metrópole, com a fixação dos franceses no Rio de Janeiro, na baía de Guanabara, e a incapacidade demonstrada por Duarte da Costa para expulsá-los, estavam a exigir uma figura ímpar, do quilate de Mem de Sá. Este chegou ao Brasil em fins de 1557. Logo ao assumir o governo, fundou, na capitania do Espírito Santo, uma base terrestre capaz de lhe fornecer o indispensável apoio cerrado às operações e de impedir a expansão dos franceses para o norte, barrando-lhes o acesso fácil à capital da colônia – Salvador – sede administrativa.

Desvelou-se na organização e adestramento de suas tropas, constituídas de colonos portugueses e índios aliados, esses em maior número. E passou a aguardar reforços de Portugal. Em novembro de 1559, aportou na Bahia os reforços esperados ( a armada de Bartolomeu Vasconcelos). Partiu sem demora. Durante a viagem em direção ao Rio de Janeiro, tocou em Porto Seguro, Ilhéus e no  Espírito Santo, onde recolheu reforços em pessoal e gêneros. Fundeou na barra da baía de Guanabara a 28 de fevereiro de 1560.

A 15 de março de 1560, uma sexta-feira, teve início o combate. Na noite de sábado, alguns portugueses e mamelucos brasileiros conseguiram heroicamente penetrar de surpresa no forte de Coligny e tomar uma das baterias. Por aí, apesar da reação dos franceses, entraram os reforços e com tamanho ímpeto que os defensores fugiram para o continente. Eram cerca de 200 franceses e 800 tamoios a eles aliados.

Feita a limpeza na Baía de Guanabara, o inimigo refugiou-se no sertão. Mém de Sá retornou à Bahia, deixando desguarnecido o Rio de Janeiro. Os remanescentes franceses e seus aliados, os Tamoios, aos poucos foram retornando à baía de Guanabara, onde guarneceram e fortificaram uma aldeia, agora no continente.

Em 1563, Estácio de Sá retornou de Portugal, com dois navios de Guerra e ordens expressas de executar a expulsão definitiva do invasor francês. Com os meios que Mem de Sá, em Salvador, pôs à sua disposição, partiu para o Rio de Janeiro, onde chegou a 1º de março de 1565, desembarcou e iniciou os trabalhos de fortificação e construção das primeiras casas na várzea ao lado do Pão de Açúcar e no morro Cara de Cão, erigindo a Vila Velha, que daria origem à cidade do Rio de Janeiro.

Em meados de janeiro de 1567, após receber reforços chegados da Metrópole e poderoso contingente vindo de São Vicente, ficou decidida, em conselho, a data de 20 para início da ofensiva.

Depois de rezada missa campal, iniciaram-se os ataques, primeiro contra Uruçumirim e em seguida contra o Forte de Paranapuã, na ilha dos Maracajás. Os franceses, que deles escaparam, tomaram suas naves e desapareceram da baía de Guanabara para sempre, mas foram estabelecer-se em Cabo Frio, um pouco ao norte. Estácio de Sá, ferido por uma flechada no braço, veio a falecer cerca de um mês depois.

Os portugueses contaram com valorosa colaboração dos Temiminós, chefiados por Araribóia, a quem doaram as terras em que hoje está edificada a cidade de Niterói. Foi inestimável o auxílio, tanto da gente de São Vicente e Itanhaém, quanto dos jesuítas, para o desfecho feliz das operações que culminaram com a expulsão dos franceses da Guanabara.

 

2. Batalha de Guaxenduvas - Maranhão (19 Nov 1614)

Em 19 de março de 1612, partiu da França com destino ao Brasil, a expedição de La Ravardière com 3 navios e cerca de 500 invasores, entre soldados, colonos, além de 4 frades capuchinhos. A 26 de julho, a esquadra fundeou frente à ilha mais tarde denominada Santana, no Maranhão.

Os invasores franceses fundaram um forte a que denominaram São Luís, em homenagem a Luís XIII, rei da França. O forte deu origem à cidade de São Luís, hoje capital do Estado. Ao seu redor, foram construídas casas, armazéns e a igreja. Assim, objetivavam o seu estabelecimento definitivo no Maranhão. Os invasores fizeram viagens de reconhecimento, estudos da língua indígena, levantamentos geográficos, e deram início às primeiras plantações, para o abastecimento da tropa.

A notícia da invasão e fixação dos franceses no Maranhão chegou ao rei Felipe III da Espanha e Portugal, que ordenou expulsá-los. Para comandar a reação, foi escolhido Jerônimo de Albuquerque, o bravo mameluco - brasileiro, conhecedor da terra onde nascera e dos índios de quem descendia .

Os portugueses, recrutaram homens, prepararam navios e acumularam armamento e munições. Na falta de homens, esvaziaram as prisões. À custa de muita habilidade e astúcia, Jerônimo conseguiu a adesão dos índios.

Os portugueses apressaram os trabalhos de fortificação, enquanto aguardavam reforços prometidos de Pernambuco, que não chegaram a tempo. A inferioridade numérica portuguesa era flagrante.

Na madrugada de 19 de novembro de 1614, os franceses atacaram na praia de Guaxenduvas: força naval acompanhada por 50 canoas tupinambás com 200 franceses e mais de 2.000 índios. O invasor desembarcou e aproximou-se.

Foi quando Jerônimo passou da defensiva a impetuoso ataque. Reuniu tropa de reserva, quase todas de índios, e deu-lhes a missão de guardar o forte de Santa Maria. Decidiu cercar os franceses por terra, enquanto Diogo de Campos atacaria na praia os que estavam desembarcando.

Nesse momento, chegou um emissário dos franceses com mensagem de La Ravardière, intimando os portugueses à rendição. Temendo um ardil, Diogo de Campos atacou, seguido por Jerônimo. Os portugueses destruíram uma posição inimiga; os franceses desanimaram . A maré baixa não permitiu receberem reforços da esquadra fundeada ao largo. Os que se encontravam em terra já não podiam retornar, porque as suas embarcações estavam sendo queimadas pelos portugueses. Em que pese à inferioridade numérica, graças à coragem dos portugueses e à habilidade de Jerônimo Albuquerque, os franceses foram derrotados, com número muito maior de perdas, entre mortos e prisioneiros, no dia que passaria à História com o título de "A Jornada Milagrosa". "Audentes fortuna iuvat" (Virg., Eneida, X, 284) = A sorte favorece os audaciosos".

Os portugueses esperaram novo ataque. Os invasores não desistiram! Mas não queriam correr riscos! Resolveram negociar a paz, com um armistício honroso. Os dois líderes rivais chegaram a um acordo, suspendendo as hostilidades por um ano, enquanto se mandavam para cada uma das Cortes dois emissários, um português e um francês, em busca de novas instruções,

O governo luso - espanhol não aprovou o armistício, conforme notícia trazida por Francisco Caldeira Castelo Branco. Jerônimo de Albuquerque não desfez o acordo. Aguardou nota oficial. Esta chegou com o General Alexandre de Moura, nomeado Governador - Geral da Armada e Conquista do Maranhão. Seu propósito: obter dos franceses a rendição incondicional.

Ao chegar, o General Alexandre de Moura convocou Jerônimo de Albuquerque, a quem fez ler a carta de sua patente de general. Este ficou indignado com a falta de reconhecimento pelos serviços prestados. Era mais forte, porém, no seu coração de bravo, o sentimento de amor à terra natal e o do cumprimento do dever. Curvando-se diante de seu superior hierárquico, entregou-lhe o comando e continuou a servir, com abnegação, à causa pela qual tanto já se sacrificara. Em 31 de outubro de 1615, o General Alexandre de Moura ordenou o ataque aos franceses. Jerônimo de Albuquerque iniciou por cercar, por terra, o forte São Luiz.

Em 1º de Novembro, a esquadra de Alexandre de Moura fechou o cerco por mar. Desembarcou a sua tropa na ponta de São Francisco, próximo do forte São Luís, e ali construiu fortificação de pau-a-pique, a que deu o nome de São Francisco ou Forte do Sardinha.

Intimado à rendição, La Ravardière submeteu-se com condições. Prometia partir em 3 meses. De Portugal, chegaram reforços e ordens específicas – não pagar indenizações, apenas permitindo que os invasores franceses levassem seus pertences. La Ravardière entregou o forte de São Luís e, enquanto seus homens embarcavam para a França, pediu para ficar, por amor à terra a que muito se afeiçoara. Alexandre de Moura, entretanto, levou-o para Pernambuco e dali para Lisboa, onde foi encerrado por três anos, na Torre de Belém.

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