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CAMPANHAS MILITARES CONTRA AS TENTATIVAS DE DOMINAÇÃO ESPANHOLA

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sexta, 02 de Junho de 2023, 23h26 | Acessos: 1610
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1. As Guerras no Sul ( Guerra da Restauração do Rio Grande)

    De 1763-77, o Sul do Brasil foi envolvido pela primeira vez numa guerra. O atual Rio Grande do Sul sofreu duas invasões que chegaram a controlar cerca de dois terços de seu território. Ao final, houve forte e vitoriosa reação de Portugal, o que acabou por restaurar a soberania portuguesa sobre a área e projetar-se como a definição do destino brasileiro da área.

  Para tal, concorreram, no esforço de guerra sob o comando do Tenente- General Henrique Bönh, os atuais Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Santa Catarina e Paraná. Destaca-se também a contribuição militar de civis paulistas, enviados durante a guerra, num fluxo contínuo para a fronteira de Rio Pardo. Unidos a um punhado de civis rio-grandenses, e lado a lado com bravos do Regimento de Dragões do Rio Pardo, ajudaram a conduzir modelar guerra de guerrilhas contra o invasor, traduzida pelas vitórias militares obtidas (Monte Grande - 1763, Reconquista de São José do Norte - 1767, Santa Bárbara e Tabatingaí - 1774, São Marçotinho - 1775 e Santa Tecla - 1776).

  As guerrilhas na área do Rio Grande do Sul, por dez anos, mantiveram as invasões circunscritas. Criaram condições para o Exército do Sul, com o concurso de uma Esquadrilha Naval, tudo ao comando do Tenente- General Henrique Böhn, completar a restauração com a reconquista da Vila de Rio Grande, em 1º de abril de 1776.

 

2. A Batalha do Forte de Coimbra (16-24 Set 1801)

  Consolidada a situação na Fronteira do rio Guaporé, com a construção do majestoso Forte Príncipe da Beira, o governo de Mato Grosso voltou-se para fazer face à perigosa ameaça na Fronteira do rio Paraguai. Essa tomada de consciência de perigo surgiu a partir de 1790, quando o Vice-rei do Prata enviou uma pequena e discreta expedição fluvial, rio Paraguai acima, com a finalidade de intimidar e reconhecer as posições militares portuguesas de Coimbra e Albuquerque.

 Comandou as operações de construção do forte, o intrépido, valoroso e competente Tenente Coronel Engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra, após sua investidura nos comandos da Fronteira Sul do Mato Grosso e do Presídio de Nova Coimbra. Premido pela urgência, face a ameaça de ataque iminente, Ricardo Franco, durante quase três anos, contando com parcos recursos locais em mão de obra e materiais e com o mínimo dispêndio para a Fazenda Real, realizou um milagre, misto de persistência, patriotismo, engenhosidade e liderança na construção do forte. Nesta obra ele serviu ao mesmo tempo "de arquiteto, de feitor, de mestre de pedreiro e carpinteiro."

  O esforço de Ricardo Franco na construção do forte, contando com dificuldades técnicas, de mão de obra especializada, de materiais de construção e de recursos financeiros não foi em vão. Durante 9 dias, de 16-24 de setembro de 1801, sob a proteção do incompleto forte, Ricardo Franco, liderando 49 soldados e 60 civis apoiados em 110 fuzis e 6 canhões, conseguiu repelir violento e potente ataque da Flotilha de D. Lazaro de Ribera, Governador de Assunção, composta de 4 goletas armadas com 12 canhões e guarnecidas por cerca de 900 homens.

 Após prolongado reconhecimento da posição, D. Lazaro de Ribera, ex-governador da Província de Moxos (atual Bolívia), onde atuara contra o Forte Príncipe da Beira, convicto de sua superioridade numérica, cerca de 8x1, enviou um "Ultimatum" a Ricardo Franco dando-lhe uma hora para render-se e entregar Coimbra. Ricardo Franco respondeu-lhe com altivez:"A inferioridade numérica foi um estímulo que sempre animou os luso-brasileiros a não abandonarem seus postos e a defendê-los até ás ultimas consequências: Ou repelir o inimigo ou sepultarem-se debaixo das ruínas dos fortes cuja defesa lhes confiaram."

Lázaro de Ribeira, que chegou certo de que rapidamente dominaria o forte, resolveu abandoná-lo e voltar à Assunção. Fato que muito contribuiu para isso foi o consumo excessivo de munição pelas suas tropas e a impossibilidade de reabastecimento de suas provisões, que não chegavam devido às enchentes e não podiam ser conseguidas no local devido a não dominação do forte.

 

3. Invasão Portuguesa (1816)  

  É também denominada de Guerra contra Artigas, ocorrida entre 1816 e 1820, nas fronteiras entre Argentina, Uruguai e Brasil e pode ser entendida a partir de um contexto de grandes transformações na América Latina e, especialmente, no Brasil (com a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808) e no Uruguai (com o crescente sentimento de emancipação política).

  Os conflitos desencadeados naquela ocasião se conectam a vários fatores de ordem política, econômica, geográfica e militar. O nome mais citado naquele evento foi do uruguaio José Gervásio Artigas, que liderava um movimento contra o projeto argentino de reconstituição territorial de seu antigo vice-reinado (que constituía parte do Uruguai) e as investidas portuguesas a partir de um projeto expansionista elaborado pela Dinastia de Bragança com o intuito de anexar o Uruguai ao nascente Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1816).

  Em agosto de 1816, na Fortaleza de Santa Teresa, em território uruguaio, a presença agressiva das tropas brasileiras, articuladas sob o comando da Divisão de Voluntários Reais, composta por brigadas, batalhões de infantaria, corpo de cavalaria e artilharia recém-chegados de Portugal, levaram Artigas a responder com uma contraofensiva audaciosa.

  Em novembro, o Rio Grande do Sul foi invadido pelas tropas uruguaias. Após vencer as batalhas de Sant’Anna, Carumbé, Ibiraocaí, São Borja e Arapeí, as tropas de Artigas não conseguiram manter as forças iniciais e sucumbiram na Batalha de Catalão, em janeiro de 1817. Na mesma conjuntura, as tropas portuguesas chegaram a Maldonado, entrando em Montevidéu no dia 20 de fevereiro de 1817.

  Dali em diante, Artigas não mediu esforços para reunir um novo e amplo contingente de soldados, passando a hostilizar os invasores do território uruguaio e empreendendo uma feroz campanha com a utilização de corsários que passaram a investir contra várias regiões ocupadas pelos portugueses. Após estabelecer uma complexa vigilância no Rio da Prata e no litoral argentino, os corsários passaram a empreender ataques ultramarinos, chegando a invadir possessões portuguesas e espanholas na Europa, África e regiões do Caribe, no Atlântico Norte.

  Na outra face dessa resistência, os uruguaios investiram grandes destacamentos de soldados contra os argentinos, os quais empreendiam ataques e conquistas territoriais na Banda Ocidental do Uruguai. Em 1820, um destacamento de alto poder de fogo foi destinado a uma segunda invasão ao Rio Grande do Sul. Na manhã de 22 de fevereiro, a sangrenta e decisiva batalha de Taquarembó esmagava a resistência de Artigas, frustrando a invasão planejada e obrigando o líder uruguaio a buscar refúgio no Paraguai.

  Especialmente representada pelo lado brasileiro, a Inglaterra atuou indiretamente em todas as ocasiões que se processaram. A crise econômica no Uruguai decorreu, em grande medida, das políticas econômicas impetradas pelos ingleses. Na Guerra contra Artigas, as relações comerciais com a Inglaterra se desgastaram de modo intencional. Estes, como importantes aliados dos portugueses auxiliaram no colapso econômico uruguaio. Em 31 de julho de 1821, a Banda Oriental do Uruguai seria incorporada ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, sob a denominação de Província Cisplatina, sendo conservada sob domínio brasileiro até 1828.

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