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A CONQUISTA DA AMAZÔNIA

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sexta, 02 de Junho de 2023, 23h22 | Acessos: 3257
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1. PEDRO TEIXEIRA

Herói consagrado nas lutas que culminaram com a expulsão dos franceses de La Ravardière do Maranhão, em 3 de novembro de 1615, após participar da expedição militar que fundou Belém, em 12 de janeiro de 1616, recebeu ordem de atingir, por terra, São Luís, no Maranhão. O Capitão Castello Branco, fundador de Belém, ordenou-lhe :

     “Explorar e balizar um caminho terrestre ligando as bases militares portuguesas de São Luís e Belém, para garantir apoio terrestre militar mútuo entre os dois pontos fortes, de vez que a rota marítima era vulnerável a ataques de barcos ingleses, irlandeses e holandeses, com suas bases em fortificações e feitorias estabelecidas no canal norte do estuário do Amazonas. Levar notícias a Alexandre de Moura, Conquistador do Maranhão, do êxito da expedição militar combinada, marítima e terrestre, fundadora de Belém e da FELIZ LUZITÂNIA, de onde se irradiaria a conquista da Amazônia Brasileira. Obter e transportar, por mar, reforços militares para consolidar militarmente o Forte do Presépio ou Castello, ameaçado de destruição por índios tupinambás hostis, e para uma ofensiva visando a destruir feitorias e fortificações inglesas, holandesas e irlandesas estabelecidas no canal norte do estuário.”

Pedro Teixeira deixou Belém em 4 de março de 1616 acompanhado de pequena escolta de soldados e um grupo de índios amigos. Atingiu São Luís, após 2 meses de penosa jornada, por terras nunca antes percorridas pelo homem branco e povoadas de índios bravios. Entre os vales dos rios Guamá e Gurupi foi atacado por índios tupinambás. Venceu-os e os submeteu a obediência, criando, temporariamente, condições de segurança para a importante ligação militar estratégica que estabeleceu.

Foi recebido como herói em São Luís e muito festejado pelas autoridades e povo por seu brilhante e ousado feito. Após cumprir suas missões retornou a Belém, por água. Levava preciosos reforços para a consolidação militar de Belém e para atuação ofensiva contra o invasor da FELIZ LUZITÂNIA : 80 arcabuzeiros, material bélico e uniformes.

Com esta feliz e bem sucedida aventura o jovem oficial abriu, com página de ouro, suas brilhantes folhas de excepcionais serviços prestados durante mais de 25 anos às causas das conquistas do Maranhão e Amazônia Brasileira, manutenção da Integridade das mesmas e da Soberania luso-brasileira naquelas paragens, sob séria ameaça de ingleses, irlandeses, holandeses e franceses protestantes, inimigos da católica Espanha, atraídos às costas do Brasil após União das Coroas de Portugal e Espanha, em 1580, sob Felipe II da Espanha.

Partiu de Cametá, na margem esquerda do Tocantins, para sua ousada aventura de mais de dois anos. Subiu o rio na chefia da Expedição composta de 9 oficiais, 2 sargentos, 1 almoxarife, 1 escrivão, 70 soldados e 300 índios flecheiros e remeiros, todos embarcados em 45 canoas. Teve como piloto e segundo em comando da expedição, o caboclo brasileiro, Coronel Bento Rodrigues de Oliveira, o primeiro a atingir Quito, na chefia do destacamento precursor da expedição e autor da "Carta Hidrográfica do Amazonas", levantada na ocasião, norteadora da posterior ocupação efetiva do vale do Amazonas, por intrépidos militares, missionários e sertanistas luso-brasileiros.

A expedição atingiu Quito, após um ano de viagem. Foi recebida com festas e demonstrações de reconhecimento ao grande feito de Portugal. De retorno, na confluência do rio Aguarico com o Napo, junto à fronteira Peru-Equador, Pedro Teixeira, após vencer e reduzir os índios Encabellados que destruíram grande parte de suas canoas, fundou o povoado luso-brasileiro, a FRANCISCANA, distante 1.200 léguas de Belém, para assinalar os limites das coroas de Portugal e Espanha, desde 1580 unidas sob a cabeça do rei da Espanha.

Em 16 de agosto de 1639 em gesto solene, em presença de militares da Expedição e de religiosos espanhóis, PEDRO TEIXEIRA, após apanhar um punhado de terra e lançá-lo ao ar, proferiu em altas vozes estas palavras de tão grande projeção nas dimensões continentais do Brasil e nos destinos de grandeza, sob Deus, da Nacionalidade Brasileira :

 "Tomo posse destas terras, pela Coroa de Portugal, em nome do Rei Felipe IV, nosso senhor, Rei de Portugal e Espanha; e se houver entre os presentes alguém que a contradiga ou a embargue que o escrivão da expedição o registre, pois, presentes, por ordem da real audiência de Quito, encontram-se religiosos da Companhia de Jesus . .’

 

2. Manuel da Gama Lobo D ’ Almada

No distante ano de 1784, quando estavam em curso as atividades de demarcação das fronteiras brasileiras, por força do Tratado de Santo Ildefonso (1777), o importante Comando Militar do Alto Rio Negro foi confiado ao coronel engenheiro Manoel da Gama Lobo D ’ Almada, português nascido em Mazagão, na África.

Lobo D ’ Almada recebeu a incumbência de realizar explorações geográficas em sua área de responsabilidade,  promover o povoamento e a defesa do território e estabelecer contato com a população indígena. Durante dois anos ele se empenhou nessas tarefas, desvendando a floresta, singrando rios, enfrentando tribos hostis. Certa vez, em meio a dificuldades, afirmou dando mostras de sua abnegação: "Eu mesmo vou pessoalmente a todas as expedições. Não permito que meus companheiros passem por trabalhos ou perigos em que eu não seja o primeiro a dar-lhes o exemplo, pois todo sangue que corre a serviço da Pátria é nobre". O trabalho empreendido por Lobo D’Almada resultou em um minucioso levantamento cartográfico do Vale do Rio Branco. 

Ao regressar de Barcelos, em 1786, Lobo D’Almada foi escolhido para governar a Capitania de São José do Rio Negro, cargo no qual foi empossado no ano seguinte. Foi ele quem, posteriormente,  transferiu, em 1791, a capital de Mariuá (Barcelos) para o Lugar da Barra (Manaus), que possuía localização geográfica privilegiada, na confluência dos rios Negro e Amazonas, o que acabava facilitando a defesa e o comércio da Capitania. Prédios públicos são erguidos: No lugar da antiga Igreja de N. S. da Conceição, erguida em 1695, manda construir um novo templo; construiu um Palácio dos Governadores, Quartel e Cadeia Pública.

No campo econômico, deu destaque para a indústria e expandiu o setor primário. Introduziu gado no Vale do Rio Branco, atual estado de Roraima. Foram construídas uma fábrica de panos de algodão, uma de tecidos e redes; um depósito de pólvora; uma terracena para construir embarcações [...]; uma padaria de pão de arroz; uma fábrica de panos de algodão em rolos, com 18 teares e 10 rolos de fiar com 24 fusos cada uma; cordoaria para fabricação de cordas e amarras de piaçaba e calabres; uma fábrica de fécula de anil, uma nora para distribuir água; uma horta; olaria,  fábrica de velas de cera, um açougue; e um engenho para moer cana e fabricar cachaça e mel.

Além de aumentar consideravelmente o “parque industrial” do Lugar da Barra, também construiu uma escola de música e aumentou o número de soldados para a proteção da capital. Temeroso pelo rápido crescimento do Lugar da Barra e o prestígio de Lobo D' Almada, que acreditava poder tomar seu posto de governador, o Capitão-general Francisco de Sousa Coutinho, do Grão-Pará, com o auxílio de seu irmão Rodrigo, Ministro de Portugal, cortou as verbas para a Capitania do Rio Negro e perseguiu Almada, conseguindo fazer a capital retornar para Barcelos, em 1799. Pobre e abandonado, Lobo D' Almada morreu em Barcelos, em 27 de outubro de 1799.

          

3. A Tomada de Caiena (Jan 1809)

 Depois de escapar à revolução francesa e de instalar-se no Brasil, a corte portuguesa decide reconquistar o território, agora dos franceses, em torno de Caiena. Pelo menos ao sul do Rio Oiapoque.

Para isso, atribuiu a missão de reconquista a um contingente de marujos e fuzileiros navais portugueses, comandados por oficiais portugueses e ingleses. O comandante inglês James Lucas Yeo e o major Joaquim Manuel Pinto desembarcaram, às 3h, na entrada do Mahuri, sobre a costa oriental da ilha de Caiena. O primeiro, à frente de 80 ingleses e 80 brasileiros, apoderou-se da bateria do Diamant (três peças), cujo comandante, capitão Chevreuil, foi morto; o segundo, com 140 brasileiros, tomou a bateria de Degras-des-Cannes (duas peças).

Desembarcaram então mais 350 brasileiros, com o tenente-coronel Manuel Marques D’Elvas, e começou o ataque da bateria Trio (duas peças), em que tomaram parte o cúter Vingança, a chalupa Leão, a escuna Invencível. Meneses e as barcas números 1 e 2. Às 18h, os nossos infantes ficaram senhores dessa bateria, na entrada da Crique-fouillée, e de outra do canal Torcy (duas peças). Às 19h, o tenente-coronel Marques d’Elvas repeliu, em Degrasdes-Cannes, um ataque dirigido pelo governador Victor Hughes.

O comandante Yeo, à frente de 80 marinheiros ingleses e de cem soldados brasileiros, desalojou os franceses da posição que haviam ocupado durante a noite junto ao canal Torcy (Guiana francesa) e apoderou-se de duas peças de campanha. No dia seguinte, os aliados marcharam para Legrand Beau-Regard e mandaram um parlamentário ao governador francês.

Em 12 Jan, a capitulação foi assinada em Bourda (ilha de Caiena) entre o Tenente-Coronel Manuel Marques d’Elvas Portugal e o capitão James Lucas Yeo, comandantes das forças aliadas do Brasil e da Grã-bretanha, e Victor Hughes, governador da Guiana francesa. Ficou ajustado nessa capitulação a entrega da Guiana francesa ao Príncipe Regente Dom João (depois Rei Dom João VI), sendo concedida à guarnição as honras da guerra e transporte até a França para as tropas regulares. Quando capitulou, tinha o governador sob o seu comando 593 homens de linha, cem milicianos e 500 escravos armados.

 
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