Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

REVOLTAS MILITARES INTERNAS

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sábado, 03 de Junho de 2023, 10h28 | Acessos: 5813
imagem sem descrição.

Revoltas Militares Internas (1889-1935)

 

1. Revolta da Armada (1891-1894)

A Revolta da Armada foi um movimento de rebelião promovido por unidades da Marinha do Brasil contra governos da recém-proclamada República Brasileira. Tal revolta contou com a participação de muitos monarquistas, desenvolvendo-se em dois momentos; uma no governo de Deodoro da Fonseca e outra no governo que se seguiu, de Floriano Peixoto.

Em novembro de 1891, registrou-se como reação à atitude do presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca que, em meio a uma crise institucional, ampliada por uma grave crise econômica, e com dificuldades em  negociar com a oposição, ordenou o fechamento do Congresso.

Unidades da Armada na baía de Guanabara, sob a liderança do almirante Custódio de Melo, sublevaram-se e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Para evitar uma guerra civil, o marechal Deodoro renunciou à Presidência da República (23 de novembro de 1891).

A Segunda Revolta da Armada começou a se delinear em março de 1892, quando treze generais enviaram uma Carta-Manifesto ao Presidente da República. Floriano reprimiu duramente o movimento, determinando a prisão dos seus líderes.

Em 6 de setembro de 1893, um grupo de altos oficiais da Marinha exigiu a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos estavam os almirantes Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio de Melo, ex-ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano.

A revolta teve pouco apoio político e popular na cidade do Rio de Janeiro, onde a partir de 13 de setembro diversas unidades encouraçadas trocaram tiros com a artilharia dos fortes em poder do Exército. Houve sangrenta batalha na Ponta da Armação, em Niterói, área guarnecida por aproximadamente 3.000 governistas, os quais eram compostos entre outros por batalhões da Força Pública e da Guarda Nacional. Sem chance de vitória na baía da Guanabara, os revoltosos se dirigiram para sul do país. Alguns efetivos desembarcam na cidade de Desterro (atual Florianópolis) e tentaram, inutilmente, articular-se com os federalistas gaúchos.

 

2. Revolução Federalista (1893 e 1895)

 Ocorrida durante o governo de Floriano Peixoto, foi uma guerra civil gaúcha disputada entre os federalistas (maragatos) e os republicanos (pica-paus). Representou uma das mais violentas e sangrentas revoltas travadas no sul do Brasil.

A revolução durou dois anos e meio, desde fevereiro de 1893, com a eclosão da revolta pelos maragatos, os quais tentaram tomar a cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, devido sua posição estratégica, espalhando-se por outros estados da região sul: Santa Catarina e Paraná.

A revolução terminou em agosto de 1895, no governo de Prudente de Moraes, com  assinatura de um tratado de paz com os maragatos, em 23 de agosto de 1895, na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, estabelecendo a derrota definitiva dos maragatos pelos pica-paus bem como a anistia dos envolvidos.

Um dos episódios mais sangrentos e trágicos da Revolução Federalista ficou conhecido como o “Cerco da Lapa”, referente à cidade em que ocorreu o embate, no Estado do Paraná, durante 26 dias entre os maragatos (liderados por Silveira Martins) e os pica-paus (liderados pelo coronel Gomes Carneiro).

A batalha começou com a invasão dos maragatos no estado do Paraná (breve tomada da capital, Curitiba) durando 1 mês (entre janeiro e fevereiro de 1894). Com a chegada do reforço das tropas republicanas, oriundas de São Paulo, os maragatos foram derrotados.

 

3. Guerra de Canudos (1896 e 1897)

Guerra de Canudos, ou Campanha de Canudos, foi o confronto entre o Exército Brasileiro e os integrantes de um movimento rebelde de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, então na comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia.

O governador do estado da Bahia enviou duas expedições militares. Os soldados foram vencidos pelos homens de Conselheiro que empregavam as táticas da emboscada e da luta corpo a corpo.

O vice-presidente Manuel Vitorino, que ocupava naquele momento a presidência como substituto de Prudente de Morais, enviou a terceira expedição, comandada pelo coronel Moreira César. Contudo essa expedição foi derrotada e o comandante morto em combate.

No Rio de Janeiro, a oposição acusava o presidente de fraqueza na repressão ao movimento, considerado por muitos como monarquista. Prudente de Morais ordenou ao ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, que embarcasse para a Bahia e assumisse o controle direto das operações. Foi então organizada nova expedição, com mais de 5.000 homens sob o comando do general Artur Oscar, com a ordem de destruir Canudos.

Após intensos bombardeios, a missão foi cumprida. Canudos foi totalmente destruído em 5 de outubro de 1897. Milhares de camponeses e soldados morreram no conflito.

A Guerra de Canudos foi descrita por Euclides da Cunha, que testemunhou as operações do Exército, no livro “Os Sertões”, publicado em 1902.

 

4. Guerra do Contestado (1912 - 1916)

Começou em 22 de outubro de 1912 e teve fim, em agosto de 1916.  O conflito foi uma disputa pela região conhecida como “Contestado”, localizada entre Paraná e Santa Catarina.

Inspirado pela lenda messiânica do antigo rei português Dom Sebastião, o “Monge” José Maria agrupou diversos seguidores para a fundação da comunidade de Quadrado Santo, que vivia da agricultura subsistente e do furto de gado.

Preocupados com a formação de comunidades do tipo de Canudos, os governos estadual e federal passaram a enviar expedições militares contra a população de Quadrado Santo. Ao saberem da ação do governo, os sertanejos fugiram para a cidade de Faxinal do Irani, no Paraná.

Após essa fuga, ainda no ano de 1912, um novo destacamento militar foi mandado para entrar em confronto com os seguidores de José Maria. Durante os conflitos, as tropas federais foram derrotadas, entretanto o líder espiritual acabou morrendo.

Após esse primeiro confronto, os rebeldes começaram a reorganizar a comunidade de Quadrado Santo. No final do ano seguinte, uma nova luta foi travada com os militares e, mais uma vez, a comunidade do Contestado subjugou as autoridades republicanas.
       Em 1914, o governo mais uma vez foi neutralizado com a fuga em massa dos moradores do contestado. No ano seguinte, outros confrontos seriam marcados com sucessivas derrotas do Exército.

O já prolongado conflito só veio a ter um fim em 1916, quando as tropas do governo foram mantidas por mais de um ano em confrontos regulares contra a comunidade revoltosa. Para tanto, utilizaram de aviões e uma pesada artilharia.

 

5. Revolta Constitucional de 1932

Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no estado de São Paulo, entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte.

Quando o estado de São Paulo precipitou a revolta, seus líderes tinham a expectativa da automática adesão de outros estados brasileiros, dada a solidariedade manifestada por parte das elites políticas dos estados de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e do então Mato Grosso.

Assim, os políticos de São Paulo esperavam apenas um breve conflito militar com uma rápida marcha para o Rio de Janeiro, até então a capital do país, para depor Getúlio. Logo, os revoltosos não organizaram um sistema defensivo em suas fronteiras contra possíveis ofensivas militares dos estados vizinhos.

No entanto, a solidariedade daqueles estados não se traduziu em apoio efetivo, e, com a espera por parte dos paulistas pelos apoios supostamente prometidos, Getúlio Vargas teve tempo de articular uma reação militar de modo a sufocar a revolução ainda nos seus estágios iniciais, obrigando o estado de São Paulo a ter de improvisar em pouco tempo um amplo sistema militar defensivo em suas fronteiras contra a ofensiva de tropas de todos os estados brasileiros, com a exceção do Mato Grosso que se tornou o único estado aliado dos paulistas. Após quase três meses de intensos combates nos quatro cantos do estado, o conflito foi encerrado em 2 de outubro de 1932 com a rendição do Exército Constitucionalista.

 

6. Intentona Comunista de 1935

Também conhecida como  Revolta Comunista de 35, foi uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas, ocorrida em 23 de novembro de 1935 por militares, em nome da Aliança Nacional Libertadora, com apoio do  Partido Comunista Brasileiro (PCB). 

A ação foi planejada dentro dos quartéis e os militares simpatizantes ao movimento comunista deram início às rebeliões em novembro de 1935, em Natal, no Rio Grande do Norte, aonde os revolucionários chegaram a tomar o poder durante três dias. Em seguida se alastrou para o Maranhão, Recife e por último para o Rio de Janeiro, no dia 27.

Entretanto, os revolucionários falharam com relação à organização. As revoltas ocorreram em datas diferentes, o que facilitou as ações do governo para dominar a situação e frustrar o movimento.

Fim do conteúdo da página