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A CAMPANHA MILITAR DO ACRE

Publicado: Terça, 26 de Junho de 2018, 13h41 | Última atualização em Sábado, 03 de Junho de 2023, 10h29 | Acessos: 1583
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Os limites entre Brasil e Bolívia no Acre eram discutidos. As diplomacias dos dois países esforçavam-se por defini-los. A seca de 1877, no Nordeste, atraiu para o Acre milhares de nordestinos que terminaram por desbravar e povoar aquela região selvagem, ao custo de 100.000 vidas imoladas por uma ecologia adversa, paraíso de fe­bres palustres.

O Brasil reconheceu o domínio boliviano sobre parte da área desbravada e povoada pelos nordestinos, que já se consideravam acre­anos. Eles argumentavam: “Se o Brasil não quer o Acre, os acreanos não desejam ser bolivianos”.

Jovens de Belém, inconformados, organizaram uma força para libertar o Acre. Esta força passou à história como Expedi­ção dos Poetas. Após alguns êxitos, fracassou, por falta de um líder militar. Plácido de Castro, que se encontrava na Amazônia desde 1898 e se dedicava, como agrimensor, a demarcar seringais, recusou comandá-la, obediente à decisão do governo brasileiro.

O governo boliviano, visando a lucros e a manter seu domínio so­bre o Acre, recorreu a capitais privados norte-americanos e ingleses, sedentos de dominarem as fontes de produção de borracha na Ama­zônia. Formou-se o Bolivian Syndicate de Nova York. Este adquiriu o direito, por arrendamento, de administrar o Acre e ali manter uma for­ça armada. O arrendamento incluiu área reconhecidamente brasileira.

Ao tomar conhecimento do teor do contrato, lesivo ao Acre e ao Brasil, Plácido decidiu impedir que se consumasse.  Daí por diante foi o catalisador, orga­nizador e pregador da Revolução, com vistas a impedir a invasão e o domínio da área por capitais alienígenas, interessados em controlar fontes de produção de borracha, com apoio de força armada.

E partiu para a luta! Em 6 de agosto de 1902, conquistou Xapuri e proclamou a Independência do Acre. Fez com que todos os presentes assinassem a Ata de Independência, a fim de comprometerem-se no movimento. Durante mais de um mês percorreu a pé, a cavalo e em canoas, todos os recantos do Acre, no afã de mobilizar adeptos para a reação militar que, dentro em breve, se faria sentir.

Em pouco tempo Plácido mobilizou o Exército do Estado Independente do Acre, com efetivo de 850 homens, divi­didos em 4 batalhões: O Novo Destino, o Pelotas, o Acreano e o Xapuri. Seus soldados estavam armados com rifles Winchester .44 e armas de caça, com 60 tiros por homem.

Em 2 de outubro de 1902, foi aclamado general e comandante do Exército do Acre. E em 171 dias de campanha, de 5 de agosto de 1902 a 24 janeiro de 1903, o pequeno Exército Acreano, liderado pelo bravo gaúcho, consolidou a Independência do Acre, após vencer em diversos combates fortes e bem armados efetivos adversários. Con­seguiu assim, afastar da Amazônia a grande ameaça à Soberania, In­tegridade de Unidade do Brasil, representada pelo Bolivian Syndicate de Nova York. O Sindicato, face ao fracasso militar, tentou subornar a população acreana, no que foi repelido. Financiou então, na Bolívia, uma poderosa expedição para esmagar os acreanos. O Brasil tomou posição para evitar o massacre.

A diplomacia brasileira, através do Barão do Rio Branco, con­solidou o ideal do Acre de ser brasileiro, conquistado pelas armas pelo Coronel Plácido de Castro e seus bravos soldados acreanos, com a celebração do Tratado de Petrópolis, a 17 de novembro de 1903. Pelo Tratado, o Brasil definiu a situação do atual Estado do Acre, em troca de compensações territoriais (3.164 km2), em dinheiro (10.000.000 de dólares) e em obras civis de grande projeção econômica para a Bolívia, como a ferrovia Madeira-Mamoré, a liberação da livre nave­gação do rio Amazonas, a utilização dos portos de Manaus e Belém e, ainda, reembolso dos valores adiantados à Bolívia pelo Bolivian Syndicate.

 

 

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